sábado, 7 de maio de 2011

Antonio Grassi "O Rei dos Reis" (Ministério da Cultura) - Carlos Henrique Machado de Freitas

Por Carlos Henrique Machado de Freitas (25/05/2011)
“É uma ação que permeará de forma absolutamente transversal às várias áreas de governo e com a sua experiência, com o trânsito que adquiriu, Antonio Grassi agrega algo de novo que se somará ao esforço daqueles que já estão ao nosso lado”. (Aécio Neves na posse de Antonio Grassi em seu governo)

O PRINCÍPIO ATIVO DA DESORDEM NO NOVO MINC


É difícil descrever certas pessoas sob o ponto de vista político. Algumas guardam uma aura particular em determinada forma, porém a linguagem individual quase como um idioma que singulariza o triunfo de Antonio Grassi nos exige enxergar o xadrez político dentro da cultura com uma abrangência mais complexa.
Na semana passada, saiu da toca com velocidade e expansão impressionantes a memória de que Antonio Grassi, logo após ser exonerado da Funarte no governo Lula, transformou-se em um dos homens de confiança de Aécio Neves no governo de Minas durante quatro anos. Alguma novidade? Não, mas está claro que ele é “o capitão da batata quente” e que Ana de Hollanda é só um instrumento. Este fato tornou-se explosivo justamente porque o coração do ministério de Ana de Hollanda é simplesmente o próprio Grassi.
E se eles, Ana e Grassi, nesse curto tempo nos apresentaram em sua sexta de flores um arsenal de guerra com uma incrível capacidade destrutiva trazendo uma ideia organizada de punir as políticas sociais e os avanços da cultura digital que marcaram o Ministério da Cultura na era Lula. Os desmandos dos dois com a revelação de uma preciosa biografia recente de Grassi como parte dos planos estratégicos de Aécio Neves fizeram o twitter zunir com a mensagem: “O verdadeiro Ministro da Cultura Antonio Grassi é tucano. Trabalhou com Aécio Neves PSDB por 4 anos em MG”
Logicamente esta notícia se transformou numa erupção de manifestos críticos a um tipo de posicionamento político que, da noite para o dia, conforme a combinação de seus interesses particulares, veste a camisa que mais lhe convier.
Talvez o que tenha trazido maior insatisfação para essa espécie de traição partidária de Grassi, seja o fator econômico da cultura e o teor pioneiro de condenação à cultura digital, centro nervoso das aspirações do PSDB mineiro, em função do AI-5 Digital de Azeredo.
É inegável o movimento, a campanha pedindo a imediata exoneração de Ana de Hollanda e Antonio Grassi, não só pela montanha de problemas que os dois criaram num curto espaço de tempo na nova paisagem do MinC, mas porque os dois se transformaram em símbolo de um Brasil provinciano, neocolonial, aonde a hegemonia singularizada pelas forças globais cria formas particulares dentro do espaço cultural de cada nação para fundar e construir uma federação de anti-homens e anti-cidadãos, tornando a cultura de todo um país e suas múltiplas manifestações subordinadas à verdade de um mundo em que, na realidade, o cidadão participa não com sua cidadania integral, mas apenas alcança nessa escala uma cidadania sub-nacional.

A NOVA ORDEM ESTABELECIDA E SUAS VARIÁVEIS


Esse modelo hegemônico que Antonio Grassi e Ana de Hollanda impõem ao PT e à cultura brasileira foi planejado dentro do PSDB, aonde Grassi foi um macroagente de uma política descrita pela perversa globalização cultural, sem dar condição de defesa a nenhum sistema alternativo. Sim, porque na verdade o que os dois intencionam, com esse festival de disparidades, é neutralizar o futuro da livre informação no Brasil.
Mas a coisa não para por aí, o palavrório de uma nova metanarrativa, sobre a “secretaria da economia criativa” nem no plano teórico, o MinC de Grassi e Ana aponta uma direção. Tudo não passa de uma elaboração abstrata para deixar a população aglomerada em uma categoria classificada por eles de “baixa-cultura”, enquanto a história concreta que serve aos grandes interesses hegemônicos ganha status de políticas de Estado.
Infelizmente, o quadro político dentro do MinC só nos permite hoje analisar uma possibilidade. A de uma verdadeira revanche ou vingança de quem foi sacado do governo do PT e correu para o ninho do tucanato mineiro, comprou e edificou as políticas entreguistas da era FHC e sua privataria.
Se a ideologia de Grassi é datada e tem prazo de validade, a minha e a de milhares de militantes não tem. Se Grassi serve ao reino do dinheiro das multinacionais, ele tem que saber que os militantes que ajudaram a escrever a histórica vitória de Dilma sobre Serra não servem ao mesmo reino.
Muito mais que uma disputa partidária o que decidimos na última eleição foram as duas formas antagônicas de projeto de país. Venceu o projeto de Dilma Roussef que tinha o compromisso com a continuidade do governo Lula e com os princípios sociais que marcaram a histórica gestão de Gil e Juca na cultura, sobretudo no que refere à valorização da identidade e diversidade referendadas pelos Pontos de Cultura e pela Cultura Digital, que singularizam o novo movimento da sociedade brasileira.
Perdeu o projeto de Serra que prometia nos remeter à era FHC, ou seja, a era do Estado servil ao mercado global.
Grassi segue as ordens estabelecidas pelo PSDB, e não os princípios históricos do PT. As bases sociais que deram sustentação política a Lula, hoje no MinC estão sendo barbaramente destruídas por uma lógica que, se não tem finalidade política de fortalecer a candidatura de Aécio e o PSDB, tem em puxar o tapete da Presidenta Dilma e do PT.
Antonio Grassi em suas entrevistas tem se colocado no ponto máximo da ribalta como o Rei dos Reis quando diz que está acima das críticas e que não está a serviço de um sistema ideológico. O que importa para ele é legitimar e sacralizar o mercado americano através da globalização cultural. Essa é a ciência econômica de Grassi para a cultura brasileira, assim como manda a cartilha histórica do neoliberalismo da era FHC.


“Minas já mostra ao nosso país um outro olhar para as relações políticas e da gestão pública no nosso Brasil. Seguramente, Minas mais uma vez se coloca na vanguarda da política nacional. O meu trabalho, a partir de hoje, tem como eixo os direitos dos cidadãos alinhavando ações com outros estados da Federação e isso eu posso afirmar que parte deste trabalho já nasce facilitado pelo reconhecimento nacional à excelência da gestão do Governo de Minas”.
Sobre os Direitos Autorais
“Um dos projetos que será coordenado por Grassi é a criação de um fórum de discussão sobre direito autoral e lei de patente. O governador Aécio Neves destacou que o surgimento de novas mídias tem ampliado a necessidade de um debate mais aprofundado sobre o assunto. “Um dos desafios seria a criação do fórum de discussão sobre a questão do direito autoral e da lei de patente”. Podemos aqui de Minas construir algo que reflita-se pelo país, mas denso, coordenado, com uma discussão profunda que enfrente essa questão, sobretudo agora com o surgimento dessas novas mídias, da internet, enfim, inovações que determinam, quase que nos obrigam a renovar e ampliar esse debate que já se estende” (Agência de Minas).

UM ESTRANHO NO NINHO DE QUEM?

Dizer que Grassi reproduz dentro do PT a política cultural tucana, porque há pouco era um dos assessores de Aécio Neves, é grave, muito grave, mas não é tudo.
A gestão atual do MinC atira para matar e só depois pergunta quem é. Fez isso com a SID (Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural), com o CC (Creative Commons), com a consulta pública de 6 anos sobre as reformas da LDA (Lei do Direito Autoral), fora a destruição interna de toda infraestrutura do próprio MinC no que resulta num bate-cabeças cotidiano que está hoje generalizado dentro do MinC.
Os pontos de cultura que já se transformaram num organismo vivo feito por milhões de brasileiros estão sendo destruídos por um ruído quase silencioso. Há uma tentativa de construir uma consciência lógica cheia de veneno para secar fio a fio todas as ligações polifônicas que caracterizam os Pontos de Cultura.
O MinC de Ana de Hollanda e Antonio Grassi é uma sucessão de barbaridades e não se preocupa mais em criar biombos que disfarcem as suas aberrações. Se o horizonte do MinC é cada vez mais generoso com o Ecad e com os empresários das multinacionais, por outro lado a sede de vingança de Grassi e Ana contra as políticas de Gil e Juca e, consequentemente do governo Lula, escancara o mais duro golpe que o neoliberalismo tucano poderia brindar um ministério do PT.
É só pegar cada uma das ações que foram rapidamente destruídas por Ana e Grassi que chegaremos ao âmago político dessa questão. A privatização da cultura entregue nas mãos das multinacionais, a lógica do super lucro, o monopólio, o dumping, a censura, o AI-5 Digital, são ações que denunciam nesse universo a traição que hoje representa o Ministério da Cultura.
A última ação-decreto de fazer a consulta pública da reforma da LDA através de email é um inacreditável deboche à democracia brasileira. -  [após as críticas, recuaram e mudaram para este formulário, com dados fechados] - O que mais falta para nos assombrar? Ana de Hollanda, em suas declarações hipócritas nos grandes jornais dá um espetáculo de dissimulação, tudo para manter sua posição servil à cultura neoliberal seguindo a cartilha tucana que Grassi trouxe debaixo do braço de sua adesão recente a Aécio Neves. A verdade é que nesta última semana o MinC virou um pega-pra-capar sem a preocupação com o fato de suas crises serem expostas em praça pública.
Ana e Grassi correm desesperadamente contra algum relógio para salvar o Ecad e não se importam com os vazamentos de vexames como, por exemplo, o apoio institucional do MinC a um evento do Ecad, ficando nítido que ela é sim a ministra dos tubarões do Ecad, como não? Se nem ela faz questão de esconder. A última denúncia desse saco de gatos chamado Ecad para o qual Ana e Grassi estão a serviço, saiu no Globo desta segunda, 25 de abril.

O GLOBO - Ecad repassou quase R$ 130 mil para falsário
Fica a pergunta à ministra sobre sua declaração no mesmo Globo, a crise no MinC foi fabricada? Foi sim Ministra, foi fabricada em Minas e mais precisamente pelo PSDB de Aécio Neves.

2 comentários:

  1. Nossa,

    quanto ressentimento e amargura

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  2. Qual vai ser o futuro do Ministério da Cultura?...São as dúvidas dos fazedores de cultura que tentam preparar uma marcha da Cultura dia 25 de maio.Segundo a Comissão nacional dos pontões de cultura.ver http://laercioreporter.blogspot.com/

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